Caso não conheçam, Adoçantes ou Edulcorantes (a origem da palavra provem do latim ēdulcorō “aquele que adoça” que vêm de dulcor “doçura”), são um conjunto de substancias com um valor baixo energético (em oposição ao açúcar que é altamente energético) com a capacidade adoçar.
Este podem ser classificados de sintéticos ou artificiais em que a sua criação provém de um processo químico e ou industrial ou podem ser naturais, proveniente de plantas ou outros ingredientes.
Antes de falar dos adoçantes mais conhecidos existem alguns pontos importantes a reter, adoçantes foram criados para substituir açúcar comum ou sacarose, este é composto por uma molécula de glicose (ou glucose) com uma molécula de frutose, acima de tudo por causa do seu valor calórico elevado, também frutose é um pouco pior em termos de efeitos na saúde, mas no geral e em especial o consumo excessivo de sacarose não é benéfico para a saúde, coisas como problemas metabólicos, obesidade, elevado colesterol, resistência a insulina, só para dizer alguns.
Então porque é que não consumimos só glicose visto ser um pouco mais saudável? Bem porque na natureza sucarose é muito mais comum e é muito mais fácil de produzir e naturalmente ela tende a cristalizar, logo é também mais fácil de guardar e conservar, glicose e frutose são mais difíceis de extrair e cristalizar e logo são mais comuns como xaropes e usados mais em processos industriais.
Então qual é o Problema dos Adoçantes?
Bem primeiro e acima de tudo consumo excessivo de qualquer coisa é sempre mau, logo trocar consumo excessivo de açúcar por consumo excessivo de adoçantes é trocar um mal por outro. Depois eu diria que 80% dos produtos com adoçantes são produtos industriais, logo produtos que se calhar não deveriam ser consumidos com regularidade.
Em vários estudos (e na minha opinião pessoal), o consumo habitual de adoçantes modifica a perceção de doçura de uma pessoa, isto de certa forma é óbvio, muitos destes adoçantes são várias vezes mais doces que açúcar comum (sacarose) e têm aromas diferentes, logo o seu consumo habitual pode aos poucos mudar o que uma pessoa acha que é doce e logo levar esta a consumir ainda mais produtos doces, não só isso mas pode desregular coisas como sensibilidade a outros aromas, porque uma pessoa só sente a doçura acima de qualquer outro aroma ou de todo o sistema de apetite, porque alimentos doces não têm a mesma saciedade e o mesmo efeito na glicemia de uma pessoa o que pode induzir a uma pessoa a fazer más escolhas e a consumir ainda mais.
Num aparte, uma das coisas que eu notei no Japão como um português é que toda a pastelaria e doçaria japonesa é no geral muito menos doce que em Portugal, isso inclui doces tradicionais mas também muitos dos doces produzidos em Portugal de bolachas a bolos, claro que isto não tem nada a ver com adoçantes, apenas que a perceção de doçura e outros aromas é algo que pode ser influenciado e modificado com o tempo, com açúcar ou com adoçantes, apenas que no caso dos adoçantes devido a sua extrema doçura pode ser mais exacerbado.
Adoçantes também não providenciam nenhuma nutrição, o facto destes não terem calorias é porque o corpo humano não tem a capacidade de absorver e metabolizar esses ingredientes, mas isso não quer dizer que não tenham um efeito no corpo, estes por vezes têm efeitos secundários, como efeitos laxativos, modificar o equilíbrio biológico dos intestinos, etc.
Adoçantes mesmo não tendo ou tendo baixas calorias não deixam de continuar a influenciar o cérebro, existe uma razão porque uma dieta alta em açúcar e gorduras cria um efeito vicioso no cérebro de querer cada vez mais e só ver esses doces cria um reflexo de salivar e querer consumir mais, lá porque trocamos o açúcar por adoçante, isso não quebra esse ciclo, pelo contrário pode ser ainda pior devido a extrema doçura dos adoçantes, não entram calorias extras mas continua o consumo em excesso.
Nesse sentido alguns adoçantes (como também já agora açúcar comum) pode ser um produto alérgico e visto que este é consumido em quantidades pequenas, essa alergia pode passar despercebida e ou ter efeitos pequenos que uma pessoa ignora, coisas como dores de cabeça ou problemas digestivos, que ignorados podem criar problemas mais graves no futuro.
Existe também um problema com o aroma dos adoçantes, eu já experimentei uma enorme variedade existindo uns melhores que outros, mas na generalidade todos para além da doçura têm o seu aroma especifico o que por vezes pode não combinar idealmente no produto, para além disso, muitas vezes este é usado em demasia para aumentar a doçura e esconder esses aromas o que cria produtos muito doces com sabores fortes a adoçantes, isso é muito comum em especial em bebidas como refrigerantes.
No sentido dos adoçantes na generalidade serem incrivelmente doces, existe sempre o risco de exagero e o risco da doçura dos adoçantes se sobrepor a todos os outros aromas do produto final, dai que muitos produtos com adoçantes por vezes só sabem a adoçante ou deixam aromas estranhos ou amargos na boca.
Adoçantes também não conservam outros ingredientes, logo na produção de produtos com adoçantes como bolos, doces, geleias e conservas industriais que retiram açúcar para adicionar adoçantes, também têm de adicionar outros químicos e conservantes para conseguir manter a qualidade e tempo de vida útil do produto o que muitas vezes cria um produto inferior no final, um pouco como muitos dos produtos sem glúten, onde retirar o glúten implica ter de adicionar um monte de outros ingredientes como açúcar e gordura para tentar substituir o que o glúten providencia criando um produto nutricionalmente inferior ao com glúten, não esquecer que num pão o glúten é a fonte de 80% das proteínas, é o que liga tudo, dá textura, sabor e elasticidade ao produto final, é uma chatice que algumas pessoas são sensíveis ao glúten, mas o glúten em si é super nutricional e saudável e entre um pão comum e um pão sem glúten, 99% das vezes o pão comum é mais saudável…
Então Adoçantes são assim tão Maus?
Não, na generalidade o consumo de adoçantes aprovados para consumo humano normal não tem demonstrado criar problemas graves de saúde, por vezes fala-se online de cancros ou fazem-se tabelas a dizer que este produto é mais perigoso que aquele, que adoçantes naturais são melhores, mas não existem estudos específicos a comprovar essas “teorias” ou “senso comum” é só ir a página da união europeia sobre adoçantes e ver todos os estudos que foram feitos para cada adoçante ser aprovado, no é importante reforçar sempre em quantidades normais de consumo… tal como açúcar, exageros vão sempre criar problemas e os testes feitos em animais são sempre exagerados, eles não vão dar uma dose normal de adoçante, vão dar 100 vezes mais e ver as consequências.
Certos adoçantes também podem ajudar para certos casos, com pessoas que tenham diabetes, obesidade e hipertensão, em especial numa fase inicial quando pode ser difícil cortar no açúcar e calorias, trocar por produtos com adoçantes pode aliviar a transição para uma dieta mais saudável.
Adoçantes também ajudam como aditivos para coisas que são melhor digeridas ou usadas com algum aroma ou doçura combinado, coisas como remédios ou pastas de dentes que podem naturalmente ter aromas muito desagradáveis.
Também o uso de adoçantes é melhor para a saúde oral em oposição ao açúcar, visto açúcar ser uma das coisas mais desejadas pelas bactérias que vivem nos dentes o que vai ajudar a reduzir na criação de placa e cáries, dai o uso regular em pastas de dentes (claro que simplesmente não consumir açúcar com regularidade vai dar também no mesmo) e pastilhas elásticas.
Quais são os tipos de Adoçantes mais Comuns?
Advantame E-969 : Adoçante artificial, 20000 vezes mais doce que sacarose, tem um sabor bastante similar a sacarose e é bastante estável a temperaturas mais altas (logo pode ser usado em cozinhados), máximo diário recomendado de 5mg por kg de peso corporal.
Acesulfame-K E-950 : Adoçante artificial, 200 vezes mais doce que sacarose, tem um sabor similar a glicose e combina bem com outros adoçantes, máximo diário recomendado de 9mg por kg de peso corporal.
Aspartame E-951 : Adoçante artificial, 200 vezes mais doce que sacarose, não resiste bem a temperaturas elevadas e tem um sabor semelhante ao açúcar mas deixa um travo amargo na boca, máximo diário recomendado de 40mg por kg de peso corporal. Atualmente a ser investigado pela OMS e a EFSA pela possibilidade de ser prejudicial para a saúde.
Ciclamato E-952 : Adoçante artificial, 30 a 50 vezes mais doce que sacarose, muitas vezes combinado com sacarina para mascarar o aroma deste, máximo diário recomendado de 7mg por kg de peso corporal.
Neotame E-961 : Adoçante artificial, 8000 vezes mais doce que sacarose, tem um sabor similar a aspartame (aliás é produzido a partir do aspartane) mas é mais estável, muitas vezes misturado com outros adoçantes para aumentar a estabilidade e reduzir aromas mais desagradáveis de outros adoçantes, máximo diário recomendados de 5mg por kg de peso corporal. Atualmente a ser investigado pela OMS e a EFSA pela possibilidade de ser prejudicial para a saúde.
Sacarina E-954 : Adoçante artificial, 200 a 600 vezes mais doce que sacarose, tem um sabor amargo e um travo bem característico, combina bem com outros edulcorantes, máximo diário recomendado de 5mg por kg de peso corporal.
Estévia (Glicosídeis de Esteviol) E-960 : Adoçante natural, 300 vezes mais doce que sacarose, tem um sabor residual algo amargo e um sabor distinto, máximo diário recomendado de 4mg por kg de peso corporal.
Sucralose E-955 : Adoçante artificial, 320 a 1000 vezes mais doce que sacarose, tem um sabor semelhante a sacarose e é estável a temperaturas elevadas, máximo diário recomendado de 15mg por kg de peso corporal.
Taumatina E-957 : Adoçante natural, 3000 vezes mais doce que sacarose, tendo uma doçura persistente e um aroma muito distinto, diferente de açúcar, com um travo forte na boca em especial com quantidades elevadas, sem nenhuma recomendação de dose máxima diária.
Aspartame-acessulfame E-962 : Adoçante artificial a combinação de Aspartane com Acesulfame-K, 200 vezes mais doce que sacarose, a combinação é habitual porque esta tem um sabor menos distinto e não deixa tanto aroma na boca, dá um sabor, máximo diário recomendado de 9mg por kg de peso corporal. Atualmente a ser investigado pela OMS e a EFSA pela possibilidade de ser prejudicial para a saúde.
Nota: Esta lista não é uma lista extensiva de todos os adoçantes e edulcorantes, apenas os mais populares (e aprovados na União Europeia) de reduzidas calorias, existem outros ingredientes adoçantes, como glicose, fructose, sorbiotol, lactose, maltodextrina, isomaltose que estou a excluir, como também outros tipos de açúcares.
E já está, espero que tenham gostado da lista e sido útil e como sempre tudo em moderação, ahhh e se quiserem que eu faça uma lista extensa de todos os adoçantes é só perguntarem nos comentários hehehe ;D
Atualizado a 5 Julho 2023: Adicionei que o Aspartane e adoçantes relacionados estão atualmente a ser investigados e vão possivelmente entrar na lista de produtos possivelmente cancerígenos.
Obrigada pelo esclarecimento, bem útil!
Ainda bem que foi útil! ;D O que achas destes artigos mais extensos? ;D